20/01/2014 - Investimento privado no Paraná pode ir a R$ 30 bilhões em 2014
Projetos enquadrados no programa de incentivos fiscais Paraná Competitivo devem trazer entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões somente neste ano
O Paraná deve fechar 2014 com uma carteira de R$ 30 bilhões em projetos enquadrados no programa de incentivos Paraná Competitivo. As negociações em andamento, se confirmadas, devem representar entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões em investimentos privados no estado nesse ano.
RMC concentra investimentos de maior porte
Na disputa por investimentos de maior porte, a região de Curitiba ainda é a preferência das empresas. Apesar do maior investimento isolado ser o da Klabin, em Ortigueira, os maiores recursos estão ainda bastante concentrados em áreas próximas da capital.
Segundo o secretário da Indústria e Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, 65% dos projetos estão no interior, mas a região metropolitana de Curitiba e o Litoral concentram 60% dos valores dos investimentos. A falta de infraestrutura ainda é o principal entrave para atrair novos empreendimentos para interior. Cascavel, por exemplo, teve apenas R$ 800 mil enquadrados no programa Paraná Competitivo.
Somente em São José dos Pinhais, na região metropolitana, são R$ 2,4 bilhões em projetos de empresas como Renault, Audi, Volkswagen e Broze. Curitiba e Fazenda Rio Grande receberão, por sua vez, R$ 1,4 bilhão cada uma. Adrianópolis tem projetos avaliados em R$ 858 milhões, Campo Largo (R$ 805 milhões) e Rio Branco do Sul (R$ 625 milhões).
Depois de Curitiba, a região de Campos Gerais é a que mais vem atraindo empresas, com destaque para Ponta Grossa, que soma R$ 2,2 bilhões em novos projetos. Entre os principais investimentos está o da fabricante de caminhões DAF, que inaugurou em outubro uma fábrica com capacidade para 10 mil caminhões por ano e investimento de R$ 450 milhões.
Entre 2011 e 2013, o programa atraiu R$ 26 bilhões entre protocolos para novas fábricas e enquadramento de empresas que estão fazendo ampliações. Em número de protocolos, o setor do agronegócio lidera, com 28,2% do total, seguido pelos setores de alimentos e de papel e celulose, cada um com 7,2%, e pelo de autopeças (6,4%), segundo levantamento feito pela Secretaria da Indústria, do Comércio e de Assuntos do Mercosul a pedido da Gazeta do Povo.
Somente no ano passado foram anunciados protocolos de intenções no valor de R$ 2,2 bilhões. Em 2012, foram R$ 2,4 bilhões.
A previsão do governo é anunciar a vinda de mais empresas para o Paraná nas próximas semanas. Uma delas é de uma indústria de cimento, que deve aportar R$ 700 milhões em uma fábrica na região metropolitana de Curitiba. A fabricante japonesa de pneus Sumitomo anunciou, há alguns dias, que pretende investir mais R$ 1 bilhão na fábrica que inaugurou em Fazenda Rio Grande, na região de Curitiba, que já havia recebido cerca de R$ 750 milhões. A empresa vai passar a montar também pneus de carga.
Outros projetos na área automotiva e de autopeças também estão em negociações, segundo o secretário da Indústria e Comércio, Ricardo Barros. “Trabalhamos com estimativas. Claro que parte disso que está sendo negociado pode, eventualmente, não ser confirmado. Mas os investimentos estão acontecendo em todo o país e estamos otimistas com o ano que começou”, diz. Segundo Barros, 2014 deve seguir com um cronograma aquecido de investimentos, mesmo com as eleições.
“Não vimos, do ponto de vista dos investidores, nenhuma mudança de ânimo”, afirma. Embora a economia brasileira esteja andando mais devagar do que deveria, o potencial de mercado de consumo ainda é o grande chamariz para atrair novos investimentos.
Ampliação
Entre os novos empreendimentos confirmados em 2013, destacam-se a fábrica de cimento da Companhia Vale do Ribeira (CVR), em Adrianópolis, um investimento de R$ 518 milhões; a ampliação da linha de produção da Volkswagen (R$ 670 milhões) e a da Audi (R$ 504 milhões) em São José dos Pinhais.
Até agora, o maior investimento anunciado foi a da Klabin em Ortigueira, na região dos Campos Gerais, que soma, em valores atualizados, R$ 6,8 bilhões. A nova fábrica deve produzir 1,5 milhão de toneladas por ano a partir de 2015. A companhia está investindo outros R$ 230 milhões para a modernização da fábrica de Telêmaco Borba, na mesma região.
Incentivo fiscal não é mais decisivo
Apesar de ainda ser o principal chamariz dos estados para atrair investimentos, os incentivos fiscais vêm perdendo peso na hora das empresas decidirem onde investir. “As empresas sabem que não adianta ter incentivo se não tiver mão de obra qualificada e boa infraestrutura de logística. Hoje o incentivo é, muitas vezes, um critério de desempate, mas já não tem o mesmo peso que teve há dez anos. É uma forma de um estado se proteger da concorrência”, diz Clecio Chiamulera, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF).
O investidor está atento principalmente a questões macroeconômicas e de credibilidade do país e também a condições como mão de obra, qualidade de vida e localização geográfica dos estados, pontos que garantem vantagem acima da média ao Paraná, segundo Chiamulera.
Fonte: Gazeta do Povo, de 20/01/2014.