O mercado financeiro baixou sua estimativa para a inflação em 2017 para um valor abaixo de 5%, algo que não acontece há mais de um ano, e também passou a estimar uma retração mais profunda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, além de um crescimento menor no próximo ano.
As expectativas foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (7), por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. Mais de 100 instituições financeiras foram ouvidas.
A estimativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano ficou estável em 6,88% na semana passada, na comparação com a semana anterior. Mesmo assim, permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação e bem distante do objetivo central fixado para 2016, que é de inflação de 4,5%.
Para 2017, porém, a previsão do mercado financeiro para a inflação recuou de 5% para 4,94%. O índice está abaixo do teto de 6% para o IPCA, fixado para o ano que vem, mas ainda acima da meta central, que de inflação de 4,5%.
Desde outubro de 2015, ou seja, pouco mais de um ano, o mercado não previa que o IPCA de 2017 abaixo de 5%.
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA, a inflação oficial do país, somou 0,08% em setembro, o menor índice para o mês desde 1998. Já em 12 meses, a IPCA ficou em 8,48%.
O BC tem informado que buscará "circunscrever" o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016 (ou seja, trazer a taxa para até 6,5%), e também fazer convergir a inflação para a meta central de 4,5% em 2017.
Produto Interno Bruto
Para o PIB de 2016, o mercado financeiro prevê agora um encolhimento de 3,31%. Na pesquisa anterior, feita na semana retrasada, a previsão a previsão era de queda de 3,30%.
Essa será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de retração no nível de atividade da economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948. No ano passado, o recuo foi de 3,8%, o maior em 25 anos.
Os economistas das instituições financeiras também baixaram a previsão de alta do PIB em 2017, de 1,21% para 1,20%, informou o BC.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Taxa de juros
O mercado financeiro manteve a previsão para a taxa de juros no fim de 2016 em 13,50% ao ano. Atualmente, os juros estão em 14% ao ano. Com isso, a estimativa do mercado é de novo corte nos juros até o fim de 2016.
Já para o fechamento de 2017, a estimativa para a taxa de juros permaneceu em 10,75% ao ano, o que pressupõe uma continuidade da queda dos juros no ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados para o IPCA.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços. Quando julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, o BC pode baixar os juros.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2016 permaneceu em R$ 3,20. Para o fechamento de 2017, a previsão dos economistas para o dólar caiu de R$ 3,40 para R$ 3,39.
A projeção para a balança comercial em 2016 recuou de um superávit (exportações maiores que importações) de US$ 48 bilhões para um saldo positivo de US$ 47,7 bilhões. Para o próximo ano, a previsão de superávit caiu de US$ 45 bilhões para US$ 44,5 bilhões.
Para 2016, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil ficou inalterada em US$ 65 bilhões e, para 2017, a estimativa dos analistas subiu de US$ 68 bilhões para US$ 68,5 bilhões.