Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco (Foto: Darlan Alvarenga)
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou nesta terça-feira (7) estar confiante com a recuperação da economia brasileira em 2017. Ele avalia que a tendência é de redução da taxa de inadimplência dos brasileiros e empresas, e de um início de crescimento do crédito.
“A gente está cautelosamente otimista com o ano de 2017, que pode até surpreender positivamente. Os sinais ainda não estão consolidados de uma recuperação forte, mas são sem dúvida bastante melhores do que eram meses atrás”, disse Setúbal em entrevista para comentar o resultado consolidado do banco em 2016.
O maior banco privado do Brasil anunciou nesta terça que o lucro líquido da companhia somou R$ 21,6 bilhões em 2016, queda de 7,4% em relação a 2015. Apesar do recuo, foi o segundo maior lucro da história de um banco brasileiro, perdendo apenas para o resultado do próprio Itaú Unibanco no ano passado (R$ 23,35 bilhões). Já a rentabilidade sobre o patrimônio líquido foi de 19,8% em 2016, acima da média de cerca de 17% dos bancos na América Latina.
Entre as maiores contribuições para a retomada da economia neste ano, Setúbal citou a perspectiva de continuidade de redução da taxa básica de juros (Selic), a redução do endividamento das empresas e também a redução da s incertezas sobre o ambiente de negócios.
“A economia está se recuperando de uma forma lenta, mas sólida. Acredito muito na recuperação, especialmente na medida em que a taxa de juros vai caindo”, acrescentou o banqueiro. “Esperamos o começo de um início de um crescimento de carteira de crédito também em função de uma demanda um pouco maior”, completou.
Com relação as taxas de juro cobradas pelos bancos, Setúbal afirmou que os bancos tendem a acompanhar o movimento de redução da Selic. “As taxas de juros tendem a cair na medida em que a Selic caia e o nível de risco no ambiente econômico se reduza”, disse. “Vamos acompanhar o mercado evidentemente”, completou.
O Itaú Unibanco projeta um crescimento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) Brasil neste ano, estimativa mais otimista do que a da média dos analistas de mercado, mais próxima de 0,5%.
Questionado sob a pressão do governo para reduzir o spread (a diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram nos empréstimos), ele reconheceu que “é mais alto no Brasil que no resto do mundo”, mas destacou que o risco de inadimplência também é mais alto aqui e que o spread também é resultado dos impostos altos.
Segundo ele, “não tem bala de prata” e discussões sobre a redução do spread no Brasil tem que levar em conta também medidas para reduzir o risco do empréstimo. “Tem uma série de pequenas medidas que tem que ir tomando para ir melhorando as condições de intermediação financeira", disse.
“Criou-se uma distorção no Brasil. O mercado acabou caminhando para ter um preço absurdamente elevado no produto rotativo e nenhum juro no parcelado sem juros. Vamos ter que criar alguma forma de reduzir esse subsídio cruzado”, opinou.
Setúbal está de saída da presidência do Itaú Unibanco. Ele deverá ficar no cargo até abril, quando passará o comando do banco para Candido Bracher, atual diretor presidente do Itaú BBA, o banco de investimentos do Itaú. Setúbal assumirá a função de co-presidente do conselho de Administração do Itaú, em conjunto com Pedro Moreira Salles, ex-presidente do Unibanco e atual acionista do Itaú.